Larry King veio ao Estoril contas histórias. Ele, que entrevistou milhares de convidados, também se revelou excelente na pele de entrevistado. Numa sala repleta para ouvir o "King Larry", como lhe chamaram na audiência, revelou todas as suas qualidades que o mantiveram no ar da CNN durante mais de 25 anos. Mário Crespo cumpriu com competência a sua função de condutor da conversa.
Mas não foi um jornalista na reforma que se apresentou. Ao lado do legado que apresentou, ficou também o registo de alguns projectos que ainda tem para o futuro. Já sem a plataforma da CNN, King prometeu continuar no activo, até porque, como revelou no fim da sua intervenção, o seu sonho é "to be the oldest person that ever lived".
Entre histórias com o fundador da CNN, Ted Turner, e episódios com presidentes e líderes mundiais, o momento mais marcante da sua carreira terá sido com uma pessoa comum de Nova Iorque. Porque, e como se percebeu nesta intervenção, o segredo do sucesso de Larry King foi precisamente dar tanto ênfase aos famosos como ao cidadão desconhecido que ia contar a sua história ao mundo através do Larry King Live. Deu também belas lições a todos aqueles fazem da entrevista um modo de vida. Às vezes é mesmo necessário fazer-se de "burrinho", como se descreveu King em determinada altura, para saber retirar o máximo proveito do convidado. E nem sempre se consegue, como ele próprio admitiu, dando o delicioso exemplo de uma entrevista que tinha realizado à antiga mulher de Rock Hudson.
O desaparecimento de King da CNN marcou também o fim numa era da comunicação social. Como referiu e bem, os dias em que jornalistas como Walter Cronkite tinham a capacidade para influenciar e mudar a opinião pública terminaram. Hoje está tudo muito mais dividido e proliferado por diversas fontes de informação. Foi durante a carreira de Larry King, e isso ele não referiu, que o jornalismo mudou radicalmente, com a entrada em cena dos canais de notícias de 24 horas e a multiplicação do jornalismo activista e ideológico. Apesar disso, King sempre conseguiu manter-se afastado dessas guerras, sendo um dos últimos representantes do jornalismo livre e independente. Até a CNN pós King, agastada pela queda abrupta das audiências em relação à Fox News à direita e à MSNBC à esquerda, entregou o seu principal horário de prime-time a um apresentador político (Eliot Spitzer, antigo governador de Nova Iorque).
Terá sido um dos melhores momentos das conferências até ao momento, e King não terá desiludido ninguém que assistiu. Um grande comunicador!
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